terça-feira, 17 de maio de 2016

Como Falar Como Diversas Vezes

Como um ponto junto a tantos outros pontos de um céu estrelado, intermitentemente piscando, flertando com o perigo de um buraco negro qualquer. Como um sussurro poético ao pé do ouvido. Como calda de caramelo e suspiros queimados. Como ranger os dentes. Como afeições descabidas. Tal como medo de crônicas de duplo-bloco. Como esse apanhado de frases imperfeitas. Ou como no silêncio dos amantes ao fim de uma noite de amor literário, como nos livros de Allende, como nos versos de Cortázar, como nos goles de Fernet. Como "Things Behind The Sun", como nos filmes de Jarmusch. Como a carne que se faz aproximar, como o calor que sua, como a pele que arrepia, como as mãos que se esparramam, como os lábios que se alinham, como as línguas que se contorcem e como os vinte e nove músculos que anatomicamente se adaptam ao evento que sucede estes dois pontos: o beijo.