segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Quando Bate, Bate

Tem coisas que nem o velho psicanalha poderia explicar, não é mesmo? Mas, a bem da verdade, tentar não custa nada. Então, Freud, explica para mim, vou tentar arrancar de você apenas essa ínfima reflexão, explica Freud, por quê o amor é tão bonito e tão filho da puta ao mesmo tempo? Freud, seu bom e velho sacana, explica para mim, por quê o amor é assim?

Eu nunca entendo como as coisas são, se são da forma que deveriam ser, se são e somente são ou se não são nada além daquilo que poderiam ter sido, daquilo que são, ou serão, quem sabe um dia. Explica Freud. Começando por esse parágrafo. Vamos lá! Fala comigo seu psicalado, muito quieto para o meu gosto!

Por quê diabos a gente sente os pêlos do corpo arrepiarem do calcanhar até o pescoço? Explica o por quê da falta, quando tudo parece tão cheio; será apenas outro dentre tantos outros devaneios? Nada como um bom papo com o grande psicaolho que não enxerga mais do que um palmo à sua frente. Eu simplesmente esperava muito mais de você, querido Freud. 

Explica para mim, quem é que determina quando, onde e por quê duas pessoas devem se encontrar, acima do céu ou abaixo das estrelas, no meio de um caminho para qualquer lugar, ao fim de uma noite de virada, quando tudo o que se espera é finalmente dar início ao calendário guardado atrás da porta? Freud, Freud, psicansado de ouvir minhas críticas e minhas dúvidas sobre o amor nosso de todos os dias. 

Entendo. Penso eu ser um ser incompreensível demais para as suas psicanálises cotidianas? Não, talvez seja simples ao extremo para o seu repertório, diz aí, psicamarada, amigo da onça! Não, não. O amor não pode ser somente um intervalo que separa o último dia do ano e o primeiro risco no mês de janeiro. Coração é porta entreaberta e amor é malandro, quando bate, bate, mas quando quer não bate, entra mesmo sem convite e se esparrama pelo sofá da sala. 

E por falar em sofá... não precisa mais querer tentar me explicar. Amor é de tudo um pouco e de muito pouco dele se compreende.

Francamente... Ok. Quanto eu lhe devo?